Tradicional Cerimônia ‘Barcos ao Mar’ marca fim do Defeso do Camarão e homenageia presidente Nilo Cabeça
A 22ª edição da tradicional cerimônia ‘Barcos ao Mar’, que marca o fim do Defeso do Camarão, será realizada neste domingo (26), a partir das 10h, no Mirante Por do Som, entre a Praia do Camaroeiro e a Pedra da freira.
Neste evento, a comunidade pesqueira de Caraguatatuba se reúne para pedir a proteção de São Pedro Pescador e de Nossa Senhora dos Navegantes para a abertura da pesca do crustáceo.
Esta cerimônia, organizada pela Fundacc – Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba e Prefeitura Municipal, também é o pontapé inicial para o Festival do Camarão, que será realizado entre os dias 12 e 21 de julho na Praça da Cultura, no Centro da cidade.
Ritual
Os pescadores participam da procissão terrestre onde os fieis carregam o andor com as imagens de São Pedro Pescador e de Nossa Senhora dos Navegantes, após serem abençoados pelo padre Cláudio Rodrigues da Silva, pároco da Igreja Santa Terezinha.
Acompanhados pela Banda Municipal Carlos Gomes durante o cortejo a pé eles seguem para os barcos enfeitados, saindo do píer do Camaroeiro em procissão marítima, passando pela Prainha e Martin de Sá.
Homenagem
Durante a cerimônia ‘Barcos ao Mar’, também será homenageado o pescador Nilo Rolim do Amaral, o Nilo Cabeça, recém-eleito presidente da Associação dos Pescadores da Praia do Camaroeiro.
Aos 54 anos, Nilo Cabeça conta que embora não seja caiçara – ele nasceu em Sorocaba, em 29 de junho de 1965, Dia de São Pedro Pescador – sua via sempre esteve ligada ao mar. O pai era militar e pescador de Itanhaém, no Litoral Sul Paulista e sempre gostou de viajar.
Por isso, junto com 11 irmãos, teve a oportunidade de morar em várias cidades como Assis, Presidente Epitácio, Lorena, até chegar ao Estado do Mato Grosso, onde a aventura foi na carroceria de um caminhão com toda a família.
“Mas sempre que podia meu pai levava a gente para pescar já que tinha uma embarcação de 12 metros”, relembra.
Quando se mudou para a Praia do Camaroeiro, em 1985, um ano após servir o Exército como fuzileiro, era por essas paragens que contemplava o mar. Ainda trabalhou na construção civil por cerca de dois anos, mas essa não era sua praia.
“Um dia, tava aqui na praia e vi uma chata enterrada. Retirei ela da areia, a reformei e ficava pescando a remo mesmo”, conta Cabeça.
Foi assim que recebeu convite para trabalhar na tripulação do finado Café, do Alemão, do Jacobeli, do Guri, do Casemiro, como faz questão de lembrar, até conseguir comprar o seu barco com o qual até hoje usa no seu ofício.
Para ele, ser lembrado pelos colegas pescadores para receber essa homenagem foi um presente. “Como presidente, eu pedi que eles escolhessem, mas eles lembraram que eu já tinha ajudado a Associação quando estava na direção em 2015 e continuei na gestão anterior e por isso fico muito grato pelo reconhecimento de todos que me aceitaram aqui”.
Nilo Caiçara é casado há 10 anos com Amilda da Páscoa Barbieli, a Amim. Do primeiro casamento tem os filhos Danilo (34), Vinicius (26) e Guilherme (17), além das netas Júlia (7) e Gabrielli (8). Nenhum seguiu a profissão, sendo um construtor, outro DJ e o caçula jogador de futvôlei.
Como pescador e presidente da Associação dos Pescadores da Praia do Camaroeiro ele vê a atividade cada vez mais frágil. “Infelizmente temos muita pesca predatória de barcos grandes, estrangeiros, pessoas que não respeitam a tradição, mas temos famílias caiçaras que se sustentam desse mar e é por isso que lutamos”.