Programa Caraguá Saudável de educação alimentar faz sucesso entre os alunos da rede municipal de ensino
Com exceção de quem está de dieta por questões de saúde ou restrição alimentar ou para perder uns quilinhos, normalmente ninguém se preocupa com quantas calorias ou quanto de açúcar, sal e gordura tem em cada alimento ingerido no decorrer do dia.
Mesmo a Secretaria de Educação da Prefeitura de Caraguatatuba tendo um setor de Alimentação, com nutricionistas que desenvolvem um cardápio balanceado, servido diariamente nas unidades escolares da rede municipal, o Projeto Boa Medida constatou que cerca de oito mil alunos, entre 8 e 12 anos, apresentam sobrepeso ou obesidade. Ou seja, a alimentação fora da escola tem pesado.
A partir desses dados, a equipe de Alimentação Escolar entrou em ação com o programa Caraguá Saudável, que tem o objetivo de conscientizar as crianças sobre os riscos de desenvolver obesidade, sobrepeso, colesterol elevado, doenças cardíacas, diabetes por causa do excesso de consumo de sal, açúcares, gorduras presentes nos alimentos industrializados.
Nesse projeto, as nutricionistas da Secretaria de Educação, Fernanda Nunes Pereira, Simone Martins Vicente, Karina Tavares Magalhães e o servidor José Maria Pereira da Silva, visitam as unidades escolares e apresentam aos estudantes de forma lúdica com dinâmica, conversa e música, os principais grupos alimentares – alimentos energéticos, construtores e reguladores e sua importância para a saúde.
Com material confeccionado em feltro e espuma, que reproduz vários alimentos como carnes, peixe, macarrão, frutas, arroz, feijão, sorvete, chocolate, suco de caixinha, refrigerante, as nutricionistas conversam com as crianças sobre os componentes encontradas em cada um, principalmente nos ultraprocessados.
“Demonstramos durante a apresentação as quantidades reais de açúcar, sal e gordura, presentes num pacote de bolacha recheada, caixinha de suco, lata de refrigerante, o que chama muito a atenção das crianças”, explicou a coordenadora do programa, Fernanda Nunes.
Depois do bate papo, os estudantes são desafiados em grupos, a montar um prato saudável e finalizam cantando e dançando uma paródia da música “Cheguei”, sucesso da cantora Ludmila: Cheguei/cheguei chegando pra comer as frutas todas/Refrigerante eu quero mais é que se exploda/Porque agora eu vou comer saudável/Avisa lá, pode falar (…).
“Nosso objetivo é mostrar às crianças os perigos e danos à saúde, como a obesidade e o diabetes, causados pelo excessos alimentares no organismo. Principalmente conscientizar sobre os benefícios de uma alimentação adequada para a manutenção de uma vida saudável”, afirmou a nutricionista.
A primeira escola a ser visitada foi a EMEI/EMEF Pedro João de Oliveira, no bairro Tabatinga e os pequenos compreenderam bem a mensagem.
“Lá em casa, nós comemos arroz, feijão, carne, salada com azeite e de sobremesa uma maçã, banana ou melancia. Bolacha e refrigerante não pode”, disse Larissa Kelly Evangelista Souza, 6 anos, 1º ano.
Já Manuella da Conceição Alexandre, 7 anos, 2º ano, contou que no café da manhã toma leite com pão; no almoço arroz com feijão e uma carne. “Eu gosto de comer doce, mas não como muito”, disse. O irmão, Raphael Donizeti Alexandre, 8 anos, 3º ano, confirma o depoimento da irmã: “Comemos arroz com feijão, peixe ou bife. De sobremesa, uma fruta. Sabia que esses alimentos (sorvete, refrigerante, bolacha recheada, chocolate, bolos, etc.) não fazem bem para a saúde. Mas não imaginava a quantidade de açúcar, sal e gordura que cada um tem”.
O pai, Aparecido Donizeti dos Santos Alexandre, confirma: “Nós somos rigorosos com eles quanto a consumir doces, refrigerantes e salgadinhos. Claro que eles de vez em quando comem chocolate, sorvete. A gente explica o que é saudável. Eles, inclusive, não gostam de refrigerante”.
A diretora da unidade escolar, Telma Soares dos Santos Carmo, afirmou que o projeto vai ao encontro do que já é ensinado aos alunos sobre alimentação. “A repercussão foi muito boa. As crianças comentaram sobre a palestra em casa e isso é ótimo, pois os hábitos alimentares saudáveis devem começar na família”, afirmou.
Outra escola que também já concluiu o projeto junto aos alunos foi a EMEI/EMEF Masako Sone, no bairro Pegorelli. “Como muito dos alimentos que fazem mal. Prometo que vou mudar meus hábitos, porque não quero engordar nem ter problema de saúde. Vou falar para o meu irmão Gustavo também que tem seis anos e gosta de comer macarrão instantâneo todo dia”, contou Emilly Karolyny de Campos Rodrigues da Silva, 10 anos.
Até o momento, seis unidades escolares já receberam o projeto. A meta é que todas as EMEI e EMEFs sejam visitadas até o final do ano letivo. Anualmente será realizado um monitoramento dos índices de sobrepeso e obesidade dos alunos do município para que o setor de Projetos e de Alimentação Escolar tracem estratégias para que crianças e adolescentes mantenham o peso ideal.