Produtos da cesta básica continuam em alta no Litoral Norte
Os preços dos alimentos da cesta básica continuam em alta no Litoral Norte. O levantamento é realizado pelo Centro Universitário Módulo e a Faculdade de São Sebastião – FASS, duas instituições do Grupo Cruzeiro do Sul Educacional, desde janeiro de 2018, nos quatro municípios do Litoral Norte do Estado de São Paulo: Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba. A pesquisa utiliza metodologia similar à aplicada pelo DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – em São Paulo para verificar os preços e as variações de 13 produtos básicos de alimentação.
O objetivo da pesquisa é identificar a variação dos preços dos produtos que compõe a Cesta Básica Alimentar nos municípios do Litoral Norte do estado de São Paulo. A coleta de preços é feita mensalmente em 12 supermercados, 3 em cada um dos municípios.
De acordo com o levantamento o preço da cesta básica mais elevado foi registrado em São Sebastião R$ 634,72 e o menor em Caraguatatuba R$ 607,68. A diferença entre a cidade que tem a cesta básica mais cara (São Sebastião) em relação a mais barata (Caraguatatuba) foi de 4,45%.
Em setembro, 8 dos 13 produtos que compõe a cesta apresentaram alta nos preços e 5 apresentaram recuo na comparação com o mês de agosto. Os produtos que apresentaram maiores altas no mês de setembro foram: tomate (+20,74%), açúcar (+4,99%), banana (+ 4,88%) e café (+4,04%). Enquanto os produtos que apresentaram maiores reduções foram: batata (- 3,09%), pão francês (- 2,11%) e arroz (- 1,22%).
O tomate que foi o grande vilão da cesta no mês de setembro havia sido o produto com menor baixa no mês de agosto. Ou seja, essa variação nos preços do produto é consequência do período de safra e entressafra, sazonalidade típica da produção agrícola.
O café, a banana e o açúcar têm apresentado uma tendência de alta, identificada nos meses anteriores. A elevação no preço do café é consequência da redução da produção com a seca intensa em 2021 e as geadas do início de agosto. O açúcar também figura entre os produtos com maior preço nos últimos cinco meses, o que é consequência da maior elevação dos preços internacionais do produto e da queda da produção de cana-de-açúcar no Brasil, reflexo da seca mais intensa em 2021.
O preço da banana apresenta alta após quatro meses consecutivos de queda, resultado da redução da oferta com o clima mais frio (geadas), que provocou a redução da produção nas regiões Sul e Sudeste. A redução no preço da batata é consequência do aumento da oferta disponível no mercado e do realinhamento de preços em relação ao mês de agosto. Nos últimos quatro meses há um efeito gangorra na oferta e preço dos produtos, as variações da produção resultam na variação dos preços. O arroz foi um dos grandes vilões da cesta alimentar em 2020. No entanto, o produto apresentou redução no preço pelo quarto mês consecutivo. Esse resultado é consequência da maior oferta do produto no mercado com o aumento da produção e das importações.
Já em relação ao preço do pão francês, a queda ainda que modesta, resulta da estratégica comercial de algumas redes de supermercado com promoções para atrair clientes. Assim, o pão pode ter sido usado como chamariz para outros produtos. Nas próximas pesquisas será possível avaliar melhor essa situação. Uma questão levantada na pesquisa anterior foi se a suspensão temporária das exportações de carne para a China poderia provocar redução nos preços do produto no mercado interno. A resposta é que o preço da carne, mesmo em um patamar menor, voltou a subir em setembro.
A variação nos preços dos produtos da cesta básica nos últimos 12 meses exclui fatores sazonais como a alta e a baixa temporada, características dos municípios litorâneos ou variações decorrentes dos períodos do ano como safra e entressafra, típicas dos produtos agropecuários. A comparação anual, conforme Tabela 3, aponta o aumento de preços da cesta básica no mês de setembro de 2020 em comparação a setembro de 2021. O preço da cesta básica aumentou
nos quatro municípios do Litoral Norte, em Caraguatatuba (+ 21,65%), Ilhabela (+ 21,36%), São Sebastião (+ 21,48%) e Ubatuba (+ 23,37%). Nos últimos 12 meses os preços da cesta apresentaram variação de + 21,95%, muito superior em relação a prévia da inflação nacional que é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), cuja variação nos últimos 12 meses (de setembro 2020 a setembro de 2021) foi de 10,05%. Ou seja, a elevação do preço da cesta foi expressivamente superior a inflação nos últimos 12 meses.
O aumento nos preços dos alimentos básicos é muito preocupante, pois atinge mais diretamente a população com menor renda, que gasta proporcionalmente mais recursos na aquisição desses bens. A inflação dos pobres é maior que a inflação média, considerando a redução do poder de compra daqueles que ganham menos.
Por exemplo, quem ganha salário mínimo teve reajuste de 5,25%, enquanto o custo da cesta básica teve elevação de 21,95%, quatro vezes mais. O preço médio e a variação dos 13 produtos que compõe a cesta básica alimentar nos últimos 12 meses. Entre os produtos que apresentaram maiores variações positivas nos últimos 12 meses, destaque para café (+ 71,50%), açúcar (+ 57,43%) e o tomate (+ 41,54. Nenhum produtos apresentou redução de preço no período dos últimos 12 meses.
A variação nos preços da cesta básica nos últimos 12 meses. O preço da cesta alimentar sai de R$ 507,58 em setembro para R$ 619,01 em setembro de 2021. Esse é um fator preocupante, pois a tendência é de novos aumentos com a chegada do verão e a maior circulação de turista nos municípios do Litoral Norte. A redução nos indicadores de mortes e contaminação com a COVID – 19 deve estimular o turismo e com isso o aumento da demanda e dos preços.