A Prefeitura de Caraguatatuba iniciou na quinta-feira (25) a Campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, em cerimônia realizada na Câmara Municipal, com o Fórum do Conselho Municipal da Condição Feminina.
Participaram da abertura o vice-prefeito Dr. José Ernesto Ghedin Servidei; o presidente da Câmara, Tato Aguilar; a presidente do Fundo Social, Samara Aguilar; a secretária de Desenvolvimento Social e Cidadania (Sedesc), Ângela Sbruzzi e a presidente do Conselho Municipal da Condição Feminina (CMCF), Cilmara Oliveira dos Santos.
Ângela destacou a importância da campanha para conscientizar e fazer com que as pessoas conheçam os tipos de violência e saibam como ajudar mulheres nessas situações. Também anunciou que está em fase de implantação a Casa de Passagem que irá acolher e dar proteção às mulheres que saem do seu lar e não têm onde ficar.
A presidente do CMCF agradeceu a participação de todos e disse ser um dia de marco na luta pelo fim da violência contra as mulheres. Cilmara ressaltou os equipamentos públicos implantados nesta gestão de proteção às mulheres, o CIAM e o Pró-Mulher. “É uma luta, mas com o tempo estamos alcançando nosso espaço de respeito”, disse.
Para o presidente da Câmara é inadmissível nos dias de hoje ainda ver notícias de mulheres que sofrem agressão dos seus parceiros. Tato reforçou sobre a criação da Lei 2.495 de sua autoria, em 2019, que instituiu o ‘Agosto Lilás’ no município, pela conscientização da não violência contra a mulher. “Temos que nos unir e fortalecer para conscientizar todos sobre a importância de denunciar esses crimes. Ser ativista é necessário”.
Samara Aguilar contou uma situação que viveu no passado onde presenciou uma briga de casal e, como diz o ditado popular ‘em briga de marido e mulher, não se mete a colher’. “Essas manifestações servem para isso, para que todos entendam como funciona a rede de atendimento e saibam como agir. Fico muito feliz como Poder Público de ter a oportunidade de fortalecer e ajudar nesta luta e torço para que daqui a alguns anos seja um assunto ultrapassado”, disse a presidente do Fundo Social.
O vice-prefeito Dr. José Ernesto destacou o serviço do Centro Integrado de Atendimento à Mulher (Ciam) que durante quatro anos atendeu 454 mulheres. “É uma realidade que ocorre diariamente com as mulheres e muitas vezes desconhecem os serviços oferecidos e como denunciar. Uma mulher é agredida fisicamente a cada dois segundos, é um número assustador e precisamos nos mobilizar sempre para que essa realidade mude”, disse.
No decorrer dos trabalhos, a delegada da mulher, Dra. Patrícia Casanova Crivochein, falou sobre os tipos de violência contra a mulher e apresentou números, onde o Brasil está no 7º lugar entre 84 países no ranking do feminicídio.
Em 2020 foram 1.338 casos, um aumento de 2% em relação a 2019. “Em Caraguatatuba, apenas entre julho e agosto deste ano, a cidade registrou um aumento de 400% no número de feminicídios devido aos trágicos episódios com a morte de três mulheres da mesma família e em pouco tempo outra uma mulher assassinada”.
A delegada explica que os números aumentaram em comparação com os outros delitos porque tal crime é de difícil ocultação, já que quando o cadáver é encontrado, as autoridades passam a ter conhecimento do fato independente da comunicação. “Isso mostra que a violência estava ali acontecendo, só que a mulher deixava de efetuar a comunicação por medo do agressor”, explica.
Em seguida, a psicóloga do Pró-Mulher, Jaquelina Teixeira, apresentou sobre os ciclos de violência contra a mulher. A fase 1 é a evolução da tensão, onde o agressor demonstra irritação com assuntos irrelevantes; logo vem a fase 2, explosão incidente de agressão, quando ele perde o controle e violenta a mulher e por último a fase, Lua de Mel, comportamento gentil e amoroso, ele se arrepende e promete mudanças, tornando-se mais carinhoso. Neste momento, a vítima muita vezes desiste do boletim de ocorrência e não consegue mais quebrar este ciclo, onde futuramente volta a ocorrer.
A secretária adjunta da Secretaria de Saúde, Derci Andolfo, explicou sobre o Fluxo de Atendimento da Saúde e a importância do primeiro atendimento. É neste momento que ela tomará as decisões quanto a permanecer na relação de violência ou buscar novas saídas. “É necessário que a vítima documente a situação, pois só com as notificações podemos entender a realidade do nosso município”, disse.
Derci também falou sobre o serviço do Protege, que faz escuta especializada às crianças e adolescentes vítimas de violência. “Temos um setor que atende individualmente cada um, com acompanhamento médico e psicológico para minimizar o sofrimento vivenciado”.
Por último, a diretora da proteção especial da Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania, Carmem Landin, apresentou o Fluxo de Atendimento por parte do social. Ela explica que o fluxo foi construído com diversas secretarias e com o Ministério Público, permitindo identificar os caminhos necessários de atendimento à mulher vítima de violência, com preenchimento da ficha de notificação de violência, boletim de ocorrência e os encaminhamentos para os outros serviços. Carmem divulgou o plantão do Creas, que também atende estas situações. “Violência é uma questão de todos, inclusive da sociedade”, disse.
Quem quiser assistir o evento na íntegra, ele está disponível no link: https://tinyurl.com/fkur49jr. Para saber a programação completa dos 16 dias de ativismo, confira na matéria: https://tinyurl.com/yk2fc7w4.
A Campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres é desenvolvida pela Prefeitura de Caraguatatuba, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania e o Conselho Municipal da Condição Feminina.
Serviço:
– CIAM – Avenida Cuiabá, 400, Indaiá – Telefone: 3883-9908. Horário de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 9h às 15h. Plantão Creas: 12 99651-6185.
– Delegacia de Defesa da Mulher – DDM – Avenida Maranhão, 341 – Jardim Primavera – Telefone: 3882-3242 – Horário de atendimento: Segunda a sexta, das 9h às 18h
– Centro de Referência Especializado de Assistência Social – Creas – Rua Senador Feijó, 165 – Jardim Aruan – Telefone: (12) 3886-2960 – Horário de atendimento: Segunda a sexta, das 8h às 17h
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