Diocese de Caraguatatuba será responsável pelo Convento Franciscano Nossa Senhora do Amparo

A Diocese de Caraguatatuba passará a ter a responsabilidade Pastoral pelo Convento Franciscano de Nossa Senhora do Amparo, no bairro São Francisco, em São Sebastião. Hoje, apesar da Paróquia integrar o território diocesano, a responsabilidade é da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, com sede em São Paulo – Capital, cujos primeiros frades aportaram em solo sebastianense há 361 anos, no dia 9 de agosto de 1658.

De acordo com o comunicado oficial da Província Franciscana feito ao  Bispo Diocesano de Caraguatatuba, Dom José Carlos Chacorowski, a instituição passa por um redimensionamento de fraternidades e serviços, entre outras razões, pela queda numérica e envelhecimento da Fraternidade no Brasil, sendo necessária a cessão do território. “Reforço que não é sem dor que temos dado esses passos. Afinal,  todos os lugares que o Senhor nos confiou em nossa caminhada provincial se apresentaram como solo fecundo, onde tivemos a graça de nos colocar a serviço do Evangelho, apesar de nossos limites e imperfeições”, relata Frei Cesar Külkamp, OFM, Ministro Provincial.

Na prática, toda a área construída passará a ser de incumbência da Diocese de Caraguatatuba e a gestão passará a ser feita por um Padre Diocesano que deverá ser nomeado por Dom José Carlos nos próximos dias. O processo de transição deverá ocorrer até o fim de agosto. “Somos imensamente gratos por todo o trabalho que os Freis fizeram por nosso Litoral nestes três séculos e meio. Foram pioneiros na evangelização e nos estão deixando um presente de valor inestimável, não apenas na esfera religiosa, como também histórica e cultural”, avalia o Bispo Diocesano.

O Convento de Nossa Senhora do Amparo é uma construção colonial de 350 anos, com características comuns às Igrejas Franciscanas da época, edificada basicamente em pedra e cal com mão de obra escrava. O prédio é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). “Há muita história e um valor significativo em cada traço desse lugar, que faremos o possível para continuar preservando, completa Dom José Carlos.

 Restauração

Com mais de três séculos de existência, o prédio histórico necessita de reformas emergenciais (intervenções no telhado,  fiação elétrica e janelas) e um novo restauro, já que o último foi realizado em 1932. No entanto, o projeto  de restauro completo, que vai muito além das reformas emergenciais, foi estimado em R$ 16 milhões, um valor muito aquém para a comunidade que vive essencialmente do Dízimo dos cristãos e de receitas de pequenos eventos ao longo do ano.

Sensibilizados com a situação, um grupo de paroquianos resolveu mobilizar a região em busca de apoio para custear pelo menos a reforma emergencial. “O Convento é um patrimônio histórico e cultural que faz parte da história do Litoral Norte, precisamos todos nos unir por essa causa”, defende Maria Luiza da Silva,  coordenadora do Conselho Paroquial de Pastoral da Paróquia. A intenção é colher o maior número de assinaturas em um Abaixo-Assinado e encaminhar às autoridades competentes, além de buscar empresas parceiras que queiram se responsabilizar pelo custeio das obras.

Três Séculos de História

De acordo com o Livro “História do Convento”,  entre os Franciscanos que vieram ajudar a colonizar o Brasil logo após o descobrimento havia excelentes arquitetos; uma das provas disso são as construções erguidas pela Ordem de São Francisco em todo o país.

Rompendo com os padrões tradicionais da arquitetura de Portugal, os construtores religiosos conceberam para seus prédios distribuídos por diversos pontos da costa litorânea formas arquitetônicas inéditas. Desenvolveram um estilo cuja evolução leva a crer na existência de uma verdadeira escola de arquitetos entre a Irmandade Franciscana. Muitos desses prédios, ainda conservados, permitem ver a arquitetura no tempo em que o Brasil dava seus primeiros passos.

Dentre as construções que sobreviveram aos séculos destaca-se, no Bairro de São Francisco, em São Sebastião, Litoral Norte de São Paulo, o Convento de Nossa Senhora do Amparo. Foi projetado a pedido dos moradores que desejavam que construíssem ali um Convento. Depois de inspecionarem vários sítios, alguns religiosos, que viajavam pela região, deram preferência para as terras situadas em paragens pitorescas, à beira de uma enseada ao sul, oferecidas por Antônio Coelho de Abreu, casado com Luzia Alves, que não tinham filhos. Então, no dia 22 de março de 1658, doou o terreno de “100 braças de terra”, onde já existia uma Capelinha dedicada à Nossa Senhora dos Desamparados, mas que na escritura, a pedido dos doadores, passou a chamar-se Nossa Senhora do Amparo.

A licença para a construção foi dada por Provisão em 1658. Dos franciscanos que passaram por ali em meados de 1657, dois ficaram, Frei Baltasar das Neves e Frei Luis, para dar início às obras, no dia 11 de maio de 1664.  A construção feita com a ajuda de escravos levou quatro anos para erguer um conjunto composto pela Igreja e Convento. Foi construído com taipa de pilão e também pedra e alvenaria de tijolo. No dia 8 de setembro de 1668, aproximando-se do seu acabamento, foi celebrada a primeira Festa de Nossa Senhora do Amparo.

O Convento está localizado numa magnífica posição, em meio a um panorama que encanta a vista de qualquer visitante. O claustro retangular, com três arcos, descansa sobre grossas pilastras. Nas paredes do pavimento térreo, tem diversos nichos, que serviam de confessionários, como alguns outros antigos conventos. No frontispício da Igreja (conforme documentos do próprio Convento), já existia uma capela junto com uma pequena moradia, cuja construção foi atribuída aos frades.

A restauração do Convento só ocorreu em 1932, quando o teto ameaçava desabar. Seis anos foram necessários para terminar o grande empreendimento. Apesar de ter sido modificado internamente, externamente preservou-se a arquitetura original. O cruzeiro defronte ao Convento era comum na implantação franciscana.

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