Centro de Reabilitação de Boiçucanga ajuda jovem a se recuperar de síndrome rara

Isabele Lúcio dos Santos Leite. Esse é o nome da jovem de 14 anos, moradora de Barra do Una, Costa Sul de São Sebastião, que, com a ajuda do Centro de Reabilitação de Boiçucanga, saiu andando após ter chegado, dois meses antes, carregada no colo em virtude de quase total paralisia.

“Quando recebi a Isabele, com 13 anos, no começo de setembro deste ano, ela era uma menina assustada com o que estava acontecendo, com o emocional bem abalado, e a parte física bastante comprometida. Era uma adolescente cheia de vida que tinha sido tolhida dessa vitalidade em virtude de uma doença pouco conhecida chamada Síndrome de Guillain-Barré”, contou a fisioterapeuta Andressa Mari Wezassek.

Essa síndrome é uma doença autoimune inflamatória dos nervos e de suas porções próximas a suas origens junto a medula espinhal, caracterizada por quadro de fraqueza progressiva, podendo levar a insuficiência respiratória. .

“Eu, como mãe de uma menina de 13 anos, me senti na obrigação de trazer essa força da juventude e potência motora de volta. Começamos o trabalho, e ela sempre quieta. Iniciamos uma série de exercícios e fomos progredindo. Em muitos momentos paramos, choramos, e me vi como amiga dela. A cada dia ela foi me mostrando um movimento diferente e que havia recobrado a esperança”, disse Andressa.

Segundo a fisioterapeuta, Isabele então passou para o andador, depois deu pequenos passos. Hoje ela é completamente segura de si, voltou a movimentação em cerca de 95%. “Ela corre, fica na ponta dos pés, faz todas as atividades diárias sozinha, agacha, levanta sem apoio. Está falante, alegre, convivendo com os amigos, pais. Para mim é um orgulho”.

Isabele está em processo de alta, mas foi um caminho longo e árduo até chegar a esse ponto.

A mãe da jovem Maira Lúcio dos Santos Leite, 31 anos, contou que sua filha nunca havia tido problemas de saúde antes, sempre foi ativa, tinha uma vida normal, estudando, praticando futebol. “Tudo começou em julho com uma dor de cabeça que não melhorava após remédios. Foram diversas idas ao Pronto Socorro. A dor diminuía um pouco e eles voltavam para casa.

Em novas idas ao Pronto Socorro, foram feitos exames e foi encontrado um problema no fígado e ela foi internada para investigarem. Novos exames foram feitos, o problema continuava e as dores de cabeça também.

Logo, a jovem se queixou que as pontas dos dedos da mão e do pé estavam dormentes. Começou a ser administrado um antibiótico e foram feitos novos exames, que não resultaram em nada. “O antibiótico melhorava o quadro clínico, mas a gente podia ver que ela não estava melhorando, estava ficando mais mole, não conseguia comer, emagreceu, vomitava muito, já não conseguia ir sozinha ao banheiro, seu rosto ficou inchado de um lado, meio paralisado”, contou a mãe.

Os pais resolveram então levá-la a um neurologista e Isabele já não tinha mais infecção no fígado. “O médico fez testes de reflexo e ela não tinha. Pediu para fechar o olho, sorrir, e ela não conseguia. Estava com paralisia facial completa. Assim que terminou o exame, contamos o histórico e ele diagnosticou a Síndrome. Nunca tínhamos ouvido falar nisso”, lembrou a mãe.

Isabele então fez um novo exame: colher o liquor. “Fomos para um hospital em São Caetano, onde fizeram novos exames e ela foi internada. No mesmo dia ela começou a tomar a medicação imunoglobulina na veia, mas teria que ficar em observação. Eram tubos por dia, fora outras medicações. Ela corria o risco de parada respiratória ou do coração durante três dias”, disse Maira.

A jovem teria que continuar o tratamento por pelo menos seis meses, com fisioterapia diária, psicólogo e fonoaudiólogo. A fisioterapia já teve início no hospital, até ela conseguir sentar, levantar um pouquinho a perna, abrir um pouco mais a boca.

Já em casa, foram conhecer o Centro de Reabilitação de Boiçucanga. “Conhecemos a Andressa e ela se mostrou uma excelente profissional, deu à minha filha uma energia que fez a diferença. Ela acreditava que iria conseguir”. O prazo mínimo era de seis meses para Isabele voltar a andar, mas, em dois meses de fisioterapia diária, hoje ela anda, pula, voltou à vida ao normal. “O suporte do espaço, com esteira, bicicleta, e o empenho da fisioterapeuta foram a chave para ela conseguir sua independência de volta”, comemorou a mãe.

Redação

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