Acidentes fatais no trânsito do estado de São Paulo sobem 13,8% em 2022 e índice é o maior em seis anos
No ano passado, foram registrados 5.323 ocorrência de trânsito com resultado em mortes. Números são alerta para a campanha de conscientização de trânsito do Maio Amarelo
O estado de São Paulo tem apresentado tendência de alta nos acidentes de trânsito que resultaram em óbitos. No ano de 2022 foram 5.323 casos em que, pelo menos, uma pessoa veio a óbito durante ou após o acidente, índice 13,8% maior que o registrado em 2021 (quando foram 4.677 ocorrências). Os dados já haviam registrado alta de 1,4% no ano retrasado em relação a 2020, após uma sequência de quatro anos de queda. Com o aumento em 2022, o número de acidentes fatais é o maior desde 2016, quando foram 5.531 ocorrências com mortes no trânsito. As informações são do Infosiga, do governo paulista, e servem como um alerta para a segurança no trânsito, em especial durante o mês de maio, quando campanhas de conscientização sobre o assunto marcam o Maio Amarelo.
Chama atenção também o número de mortes nesses acidentes no ano passado: foram 5.633 vidas perdidas, 14,2% acima do que foi observado em 2021, e o número é o maior desde 2017. No acumulado dos doze meses do ano de 2022 também foi registrado aumento de acidentes não letais, que, apesar de não terem óbitos, podem resultar em pessoas feridas. Foram 178.641 casos, o segundo maior número desde 2019 (os dados completos estão na tabela abaixo). A influencer paulista Amanda Santos Valente, 25 anos, é um exemplo dessa situação: ela ficou gravemente ferida em um atropelamento e precisou amputar uma das pernas devido a um acidente.
Em abril de 2022, ela estava no centro da cidade de São Paulo e esperava para atravessar a Avenida Paulista, quando foi abordada por um grupo em uma tentativa de assalto. Ao se assustar com a situação, ela avançou para a pista e foi atropelada por um ônibus. “Na hora do acidente não senti como se a perna tivesse quebrado, mas não conseguia mexer. Ao chegar ao hospital, foram feitos alguns exames que constataram uma mancha na minha perna esquerda”, explica. A jovem passou por uma cirurgia longa, de 18 horas, e necessitou de 10 bolsas de sangue. “Os vasos sanguíneos da perna ficaram dilacerados e a hemorragia foi intensa, mas os médicos conseguiram controlar a situação”, comenta.
O acidente pelo qual passou a influencer é um exemplo do perigo enfrentado por alguns grupos considerados vulneráveis no trânsito. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) no continente americano, os pedestres, motociclistas e ciclistas representam 23%, 15% e 3% das mortes no trânsito, nesta ordem, nas Américas.
Recuperação e recomeço de vida
Amanda passou 64 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Os primeiros dias foram cruciais para a sua recuperação. Ao voltar da sedação, os médicos iniciaram os tratamentos para evitar a amputação do membro. Algumas cirurgias foram realizadas, mas, depois de 15 dias, a equipe médica decidiu que o melhor seria a retirada da perna esquerda. Após deixar o hospital, a influencer começou a sua adaptação à nova realidade e a escolha de próteses.
A jovem contou com a ajuda de amigos e seguidores nas redes sociais e fez uma arrecadação para comprar equipamentos de alta tecnologia. “Em dez dias, bati a meta do dinheiro necessário e desde agosto de 2022 estou com as próteses. Graças a isso, pude viajar, fazer desfiles e retomar meu trabalho. Ainda que tenha sido uma situação complicada, percebi que precisava escolher um caminho positivo e valorizar que eu ainda estou viva e tenho uma nova chance”, diz.
Tecnologia para ter autonomia
Amanda utiliza duas próteses: uma no lugar do joelho, que é a 3R80, e outra para substituir o pé, que é o Taleo. As duas são fabricadas pela empresa alemã Ottobock, que atua há mais de cem anos com tecnologias voltadas a pessoas com dificuldade de mobilidade e está presente também no Brasil. A influencer procurou a clínica da empresa que funciona na cidade de São Paulo.
Segundo a Ottobock, o 3R80 é um equipamento com mecanismo hidráulico de rotação, que ajuda em uma rotina mais independente e segura para o usuário. Movimentos como descida de escadas, planos inclinados ou a caminhada tradicional são auxiliados por esse mecanismo, independente da velocidade dos passos. Já o pé Taleo possui uma tecnologia que garante retorno de energia na caminhada, o que facilita em uma marcha dinâmica. Esta prótese também se adapta a diferentes tipos de solo e inclinações. Tanto o pé quanto o joelho são a prova d’água, característica que chamou a atenção de Amanda, que gosta de natação. “Eu sempre gostei de nadar e uso as próteses para isso, seja no mar, piscina ou quando vou a uma cachoeira”, conta.
Desde esse recomeço, a influencer tem feito viagens curtas (algumas próximas à cidade de São Paulo), o que tem ajudado a melhorar sua adaptação. Seja em terrenos como mata ou areia, ela se arrisca para retomar sua rotina de lazer. “O importante é saber que estou com equipamentos que não limitam meus movimentos. Com minha presença nas redes sociais, comecei a entender um pouco sobre a tecnologia das próteses e busco informar o que sei para meu público”, afirma.
Conscientização
No primeiro Maio Amarelo após o acidente, Amanda reforça a importância de se evitar os acidentes. “A principal questão é que quem dirige precisa se colocar no lugar do outro. A pessoa não está dirigindo somente por ela, mas por outras. Por isso não se pode atender ligações, usar celular enquanto dirige, enviar mensagens ou tirar fotos. Tem que se doar 100% para a direção”, opina.
Dados do Infosiga — fechados até o final de cada ano
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Sobre a Ottobock
Fundada em 1919, em Berlim, na Alemanha, a Ottobock é referência mundial na reabilitação de pessoas amputadas ou com mobilidade reduzida por sua dedicação em desenvolver tecnologia e inovação a fim de retomar a qualidade de vida dos usuários. Dentro de um vasto portfólio de produtos, a instituição investe em próteses (equipamentos utilizados por pessoas que passaram por uma amputação); órteses (quando pacientes possuem mobilidade reduzida devido a traumas e doenças ou quando estão em processo de reabilitação); e mobility (cadeiras de rodas para locomoção, com tecnologia adequada a cada necessidade). A Ottobock chegou ao Brasil em 1975 e atua no mercado da América Latina também em outros países como México, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai, Argentina, Chile e Cuba, além de territórios da América Central. Atualmente, no Brasil, são oito clínicas, presentes em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Salvador.