Fatores como idade, sedentarismo e comorbidades afetam a defesa do organismo, assim como isolamento social, uso de máscara e higiene
As vacinas são responsáveis por evitar de 4 a 5 milhões de mortes por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Elas são uma das invenções mais importantes da saúde pública nos últimos séculos e nossa única proteção contra certas doenças. É assim com a Covid-19: até agora, a ciência ainda não descobriu um tratamento específico e eficaz contra a infecção pelo vírus SARS-CoV-2. Por enquanto, nosso melhor recurso para combater a doença é a vacina.
Mas os imunizantes contra a Covid-19 – assim como qualquer vacina, contra qualquer doença – não são 100% eficazes. O sistema imunológico de algumas pessoas responde à imunização melhor do que o de outras. Fatores como idade, sedentarismo e comorbidades afetam a defesa do organismo, assim como isolamento social, uso de máscara e higiene das mãos, que reduzem a chance de uma pessoa ser infectada.
Confira a seguir cinco questões para entender melhor a relação entre a eficácia das vacinas e os casos de Covid-19 entre pessoas imunizadas.
Sim. Uma pessoa com o esquema vacinal completo, ou seja, que tomou as duas doses conforme a recomendação do fabricante (com intervalo de 21 a 28 dias no caso da CoronaVac, vacina do Butantan e da biofarmacêutica chinesa Sinovac) ainda pode pegar Covid-19 e transmiti-la a outras pessoas. A vacina protege da doença, não da infecção: na maioria dos casos, uma pessoa vacinada não vai ficar doente ou então vai desenvolver uma infecção assintomática ou leve.
A vacinação é um ato coletivo, de saúde pública: quanto maior o número de pessoas imunizadas, menos o vírus circula e menos gente morre por causa da doença. Até chegarmos nesse patamar, a Covid-19 continuará fazendo vítimas fatais – porém em pequeno número entre os vacinados. De acordo com um levantamento feito pela plataforma de monitoramento Info Tracker, desenvolvida por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), apenas 3,68% do total de mortes por Covid-19 entre fevereiro e julho deste ano aconteceram com pessoas imunizadas.
Sim, mas há fatores que aumentam o risco. A ciência sabe há muitos anos, por exemplo, que qualquer vacina gera uma resposta imune menor em pessoas mais idosas. Isso não quer dizer que os mais velhos não estejam protegidos contra a doença, mas sim, que o organismo responde menos a um antígeno novo – uma característica que não se relaciona à vacina, em si, mas aos processos naturais do sistema imunológico. Além disso, pesquisadores da USP descobriram que manter um estilo de vida fisicamente ativo contribui para turbinar a resposta imune induzida pelas vacinas.
Não. Todas as vacinas aprovadas para uso no Brasil são eficazes e funcionam. O estudo de eficiência Projeto S, por meio do qual o Butantan vacinou com CoronaVac a população adulta da cidade de Serrana, no interior paulista, constatou que a imunização causou uma redução de 80% no número de casos sintomáticos de Covid-19, de 86% nas internações e de 95% nos óbitos. A pesquisa clínica também mostrou que a vacinação da população leva à imunização inclusive de quem não tomou a vacina, pois a pandemia foi controlada com 75% da população imunizada. Esse estudo é importante porque mostra a efetividade da vacina, ou seja, sua eficácia aplicada no mundo real. Vale notar que a vacina não zerou as mortes por Covid-19, mas reduziu drasticamente a ameaça representada pelo vírus.
Enquanto o SARS-CoV-2 estiver presente nas nossas cidades, com novas variantes surgindo cada vez mais agressivas e transmissíveis, ele continuará sendo uma ameaça e causando óbitos. Esse é um indicador de que ainda estamos longe de vencer a pandemia, não porque as vacinas não funcionem, mas porque a circulação do vírus ainda é muito alta. Por isso, além de tomar as duas doses das vacinas respeitando o intervalo preconizado (em relação às vacinas com duas doses), é preciso continuar mantendo todas as recomendações sanitárias: manter o isolamento social, usar máscara e higienizar sempre as mãos com água e sabão ou álcool gel.
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